segunda-feira, 25 de abril de 2016

FC apud VC, Season 1, Episode 2

Mordo teu queixo. Olho para a tua boca e me releio,
reencontro meu nome, over and over, e me incandesce.

Ao fundo aquele jazz embala nossos devaneios,
porque nossa pele lá se funde, enquanto cresce.

Expande.

Seus joelhos ecoam pelos lençóis que, úmidos, se sentem afogados, molhados
do nosso humor, e vítreo, quando nosso olhar se cruza, inflamado, calado.

A parede fecha os olhos; se avexa na nudez dos nossos membros laicos
que se entrelaçam como gatos insaciados, tunantes, erráticos.

Respira.

O teto tem braços que berram ao sentir a névoa que sobe do nosso sexo trincado, 
enlevado pelas juras de amor ritmadas lançadas ao sabor do nosso percurso extasiado.

O guarda-fatos (o armário, o closet) se entreabre, como meus lábios ciliciados 
pelo teu falo que (en)canta, rabisca e rebusca em nós gozo cíclico, continuado.

Serena.

A estante medrosa tampa os ouvidos aos objetos que, antes inanimados, agora, em queixume
semicerram os olhos a tentar ficar incólumes ao vislumbrar nosso embate em volume.

A porta segura o batente ao ouvir da escada o relato de passos e, desesperada,
tenta se fechar, traumatizada, ao realizar o girar da chave na sua igual na entrada.

Risos.

Tudo silencia. 
Os lençóis se amanham.
A parede, cansada, reverencia.
O teto derruba os braços lentamente, acintura.
O closet afinal relaxa e não se incomoda na abertura.
A estante observa seus itens, garante o bem-estabilizar.
A porta, batida, fechada à pancada, quebrantada, ofendida
começa a experimentar pulsação da parede, pelo batente, transmitida,
reverberada pelos alto-falantes em cima da mesa, em madeira polida.

Por que a mesa nada de desejo ou cobiça expressou?
Receio?

Não.

Por que o jazz, que por cima (lhe) tocava, embalou;
e ela, extática, veio.

Retoma...

Nenhum comentário:

Postar um comentário